Convento de Cristo - A Arquitectura da História
Mais uma vez o Convento de Cristo foi objecto de um trabalho jornalístico, desta vez o último número da Revista Villas e Golfe, confirma que o Convento de Cristo, que parece finalmente ter sido descoberto pela comunicação social portuguesa, está na moda. Até há pouco tempo eram sobretudo historiadores que escreviam sobre o Convento de Cristo, agora, tendo em conta o crescimento do Turismo Cultural, quer a imprensa generalista quer a especializada em Turismo, ''descobriu'' os encantos e a importância histórica e cultural do Convento de Cristo. Também não é dispiciendo temática templária estar a ganhar cada vez mais adeptos.
Numa época em que a Guerra Santa tomava forma sobre o nome de Cruzadas, quando a espada se unia à fé para combate aos infiéis, quando os guerreiros manejavam armas espirituais e armas temporais com o objectivo de colocar a Terra Santa e a cidade de Jerusalém sob a soberania dos cristãos; numa era em que inúmeros peregrinos enfrentavam perigos para visitarem os lugares sagrados da Palestina; num período em que os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, sob a divisa «Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam» («Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória»), escoltavam os romeiros e defendiam os caminhos de peregrinação; num tempo em que Portugal era ainda um mui jovem Reino, corria o ano da Graça de 1160, quando Dom Gualdim Pais, Grão-Mestre dos Templários em território pátrio, manda erigir em Tomar o Castelo dos Templários, à sombra de cujas muralhas viviam protegidas as gentes do burgo, e a Charola, a partir da qual se edificou, mais tarde, o Convento de Cristo.
Com a queda em desgraça dos Templários, um pouco por toda a Europa, no início do século XIV, a Ordem é também extinta em Portugal e é instituída a «Ordem Militar dos Cavaleiros de Cristo», em que foram integrados os bens da «Ordem dos Templários». Afinal os portugueses deviam aos antigos cavaleiros do Templo o imprescindível auxílio nas guerras de Reconquista que expulsaram os mouros da Península Ibérica. Com a nova Ordem, criada sob os auspícios de D. Dinis, toda a anterior hierarquia foi mantida e à cruz vermelha sobre o pano branco, símbolo templário, foi acrescida uma nova cruz branca, emblema da pureza. É com a Ordem de Cristo que a nação portuguesa se abre para a empresa das descobertas marítimas do século XV – por um lado, pelo empréstimo de recursos, para a coroa portuguesa financiar o avanço marítimo; por outro, pela transmissão à Escola de Sagres de todo o vasto conhecimento que já dispunha sobre navegação, após anos de viagens aventureiras no mar Mediterrâneo.A passagem dos séculos e as alterações na História nacional vão deixando, na arquitectura do Convento, sinais do tempo e dos homens que lideraram os destinos de Portugal, num intervalo temporal que vai do fim do século XII aos meados de Setecentos. Uma mescla de traços românicos, góticos, manuelinos, renascentistas, maneiristas e barrocos, encontra-se gravada na pedra e nos contornos arquitectónicos do Convento.
Este artigo está incompleto.
Texto de Paula Monteiro e fotografia de Miguel Costa
1 comentário:
E o Centro Histórico de Tomar quando é que vai poder aproveitar esta moda?
Enviar um comentário