domingo, dezembro 30, 2018

Balanço de 2018 cheio de festas


    Eu, Zé do Vira, casado com a Maria Raspa, queria manifestar a minha opípara opinião que, na nossa augusta cidade, o ano de 2018 foi muito galhardo em termos de festas, festarolas e outras pantomineiras. Querem exemplos? A dita “Festa Templária” encheu o olho com o seu desfile de cavaleiros, noite recriada com luminárias, archotes, o povo feliz aos saltos, aos pinotes. Enchentes, multidões, povo aos encontrões, a ver passar o cortejo de cavaleiros.
    Escrevia Ramalho Ortigão, em 1883, nas suas “Farpas”, “Antigamente eram os plebeus que tomavam o encargo de divertir a nobreza saindo à rua com as suas sarabandas de negros e patifes. Hoje é a nobreza que se incumbe de regozijar o povo com as suas mascaradas de cavalaria antiga”.
    No Mouchão, no arraial, mais cavaleiro, mais animal, até as árvores envergavam vestes templárias, tudo quanto era autarca, vendedor ou animador envergava a sua capa templária, indumentárias cheirinho a bafio.
      A Feira de Santa foi alterada nos seus espaços tendo conseguido a sempre difícil unanimidade no comentário dos tomarenses “Isto é um vergonha, uma choldra, uma confusão”.         
     O festival das estátuas mais ou menos vivas esteve dois ou três anos suspenso, alegadamente porque era caro. Entretanto, alegadamente por causa de estratégias eleitorais, regressou com a sua máxima “O povo quer é festa”. Mais enchentes, mais multidões.
       O congresso da sopa cumpriu a tradição. 
     As outras festas cumpriram a tradição. Até a própria tradição cumpriu a tradição.        
       Vivam as festas!
       Arribem multidões!   



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