Eu, Zé do
Vira, casado com a Maria Raspa, queria manifestar a minha opípara opinião que,
na nossa augusta cidade, o ano de 2018 foi muito galhardo em termos de festas,
festarolas e outras pantomineiras. Querem exemplos? A dita “Festa Templária”
encheu o olho com o seu desfile de cavaleiros, noite recriada com luminárias,
archotes, o povo feliz aos saltos, aos pinotes. Enchentes, multidões, povo aos
encontrões, a ver passar o cortejo de cavaleiros.
Escrevia Ramalho Ortigão, em 1883, nas
suas “Farpas”, “Antigamente eram os
plebeus que tomavam o encargo de divertir a nobreza saindo à rua com as suas sarabandas
de negros e patifes. Hoje é a nobreza que se incumbe de regozijar o povo com as
suas mascaradas de cavalaria antiga”.
No Mouchão, no arraial, mais cavaleiro,
mais animal, até as árvores envergavam vestes templárias, tudo quanto era autarca,
vendedor ou animador envergava a sua capa templária, indumentárias cheirinho a
bafio.
A Feira de Santa foi alterada nos seus espaços
tendo conseguido a sempre difícil unanimidade no comentário dos tomarenses
“Isto é um vergonha, uma choldra, uma confusão”.
O festival das estátuas mais ou menos vivas esteve dois ou
três anos suspenso, alegadamente porque era caro. Entretanto, alegadamente por
causa de estratégias eleitorais, regressou com a sua máxima “O povo quer é
festa”. Mais enchentes, mais multidões.
O congresso da sopa cumpriu a tradição.
As
outras festas cumpriram a tradição. Até a própria tradição cumpriu a tradição.
Vivam as festas!
Arribem multidões!
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