segunda-feira, outubro 07, 2019

Abstencionismo é de morte

No tempo do outro senhor, dizia-se outra senhora, até os mortos votavam por ordem de alguns senhores presidentes de junta, os quais, passe a ironia, abriam as portas dos cemitérios e convidavam os mortos a votarem. Se estes não se levantavam da campa, solícitos, os autarcas de então votavam no regime por eles. Com a queda dos outros senhores, eleições livres, foi instituído pelo regime dito democrático que os cemitérios tinham de se manter de portas encerradas no dia das eleições. Foi proibido os mortos de votarem (passe a piada). Daí que agora tenham aumentado as abstenções, porque os mortos já não votam. De outro modo não se entende que 47 por cento de abstencionistas o sejam apenas para não se darem ao incómodo de irem votar. Muito bem preenchida estará a vida dos abstencionistas. A lerem os Lusíadas? A catarem pulgas aos cães? A verem a água-pé a levedar? A verem passar os comboios? Serão cismados nos sofismas que os políticos são todos corruptos, são todos iguais, querem todos é tacho? Daí os abstencionistas decerto se qualificarem de puros, integralmente íntegros, incapazes de fugirem ao fisco, senhores impolutos do seu nariz? Ou os abstencionistas já estão mortos e apenas lhes falta fazer o funeral?

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