terça-feira, outubro 08, 2019

Achega sobre os que não acreditam em nada

No seu livro de crónicas ”O que eu ouvi na barrica das maçãs”, editado em Abril, o escritor Mário de Carvalho conta um episódio, passado na barbearia que frequenta, quando entra um fulano, de grande vozeirão, que começa a contar casos a que ele, Mário de Carvalho, chamaria milagres ou prodígios mas que para o fulano, contador dos episódios, tinham o selo incontroverso da verdade científica. Contou então o fulano que “Deixado num frasco durante seis meses, um cabelo de mulher tinha-se transformado em cobra” mais argumentando que ele vira, claramente visto, com aqueles que a terra havia de comer. Ora, pensamos nós, se há pessoas a acreditar nestes prodígios qual a razão de quase metade dos portugueses não acreditar em questões bem mais simples como sejam a política, a democracia, a vivência em comunidade? Lendo o livro de crónicas de Mário Carvalho é possível entender algumas razões pelas quais há coisas que não se entendem. Quem sabe se não é mesmo verdade que um cabelo de mulher se pode transformar em cobra, em crocodilo, em alforreca ou mesmo em lesma após seis meses de gestação. Talvez que para gerar um elefante sejam necessários mais meses de gestação. Pensamos nós, sabe-se lá. Calhando também depende do tipo da cor do cabelo de mulher, loiro, castanho, azul, amarelo, verde, cor de burro quando foge?

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