Mesmo
conscientes sobre o que alguém escreveu de que não se pode confundir o género
humano com o Manuel germano, no dia de luta dos jovens estudantes em defesa do
ambiente, caiu-nos sopa no mel o que escreveu Miguel Carvalho, na revista
“Visão”:
- Quando chegou o dia 25 de Abril de 1974,
José Vilhena, humorista, pintor, ilustrador e escritor falecido aos 88 anos
(2015), já havia conhecido os calabouços da PIDE por causa dos seus textos,
cartoons e pinturas. Entre 1962 e 1966, o artista a quem Rui Zink chamou, no
Público, “diamante no meio de ovelhas murchas” e considerou mais importante do
que Herman José e os Gato Fedorento “juntos”, esteve preso três vezes por se
atrever a parodiar a ditadura, a sociedade portuguesa e a própria censura em
dezenas de publicações. Segundo o “Livro Negro do Regime Fascista”, 28 títulos
de José Vilhena foram proibidos, mas os descarados delírios artísticos deste
autor fetiche circulavam na “clandestinidade”, liam-se às escondidas e
partilhavam-se em tertúlias mais ou menos blindadas à bufaria de serviço. “O
incorrigível e manhoso Vilhena”, termo usado pela polícia política, mas do qual
ele se apropriaria mais tarde, nunca cedeu a perseguições, ameaças e
intimidações, continuando, desafiante e livre, até às portas que Abril abriu”.
Líamos
a “Gaiola aberta”, tipo na clandestinidade, sem termos dúvidas que a luta de
José Vilhena foi no sentido de que Portugal fosse um país com melhor ambiente
político, logo um melhor planeta.
Bem-hajas José Vilhena lá no planeta etéreo onde repousas agora e te agradecemos
pelos excelentes leituras satíricas que nos proporcionaste. Aqui fica o registo
de que nunca esqueceremos a coragem que demonstraste e da qual só podemos
sentir o desalento da inveja.
Fôssemos
ministros da educação e faríamos com que estes agora jovens estudantes melhor
conhecessem a obra de José Vilhena. Também por isso, não somos.
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