sábado, março 16, 2019

A gaiola que o anterior regime nunca conseguiu fechar

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 Mesmo conscientes sobre o que alguém escreveu de que não se pode confundir o género humano com o Manuel germano, no dia de luta dos jovens estudantes em defesa do ambiente, caiu-nos sopa no mel o que escreveu Miguel Carvalho, na revista “Visão”:
  - Quando chegou o dia 25 de Abril de 1974, José Vilhena, humorista, pintor, ilustrador e escritor falecido aos 88 anos (2015), já havia conhecido os calabouços da PIDE por causa dos seus textos, cartoons e pinturas. Entre 1962 e 1966, o artista a quem Rui Zink chamou, no Público, “diamante no meio de ovelhas murchas” e considerou mais importante do que Herman José e os Gato Fedorento “juntos”, esteve preso três vezes por se atrever a parodiar a ditadura, a sociedade portuguesa e a própria censura em dezenas de publicações. Segundo o “Livro Negro do Regime Fascista”, 28 títulos de José Vilhena foram proibidos, mas os descarados delírios artísticos deste autor fetiche circulavam na “clandestinidade”, liam-se às escondidas e partilhavam-se em tertúlias mais ou menos blindadas à bufaria de serviço. “O incorrigível e manhoso Vilhena”, termo usado pela polícia política, mas do qual ele se apropriaria mais tarde, nunca cedeu a perseguições, ameaças e intimidações, continuando, desafiante e livre, até às portas que Abril abriu”.
  Líamos a “Gaiola aberta”, tipo na clandestinidade, sem termos dúvidas que a luta de José Vilhena foi no sentido de que Portugal fosse um país com melhor ambiente político, logo um melhor planeta. Bem-hajas José Vilhena lá no planeta etéreo onde repousas agora e te agradecemos pelos excelentes leituras satíricas que nos proporcionaste. Aqui fica o registo de que nunca esqueceremos a coragem que demonstraste e da qual só podemos sentir o desalento da inveja.
  Fôssemos ministros da educação e faríamos com que estes agora jovens estudantes melhor conhecessem a obra de José Vilhena. Também por isso, não somos.        

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