Se hoje se comemora o Dia internacional da Felicidade, será limite de sarcasmo deduzir que dias de infelicidade são os outros todos. Um nosso amigo andava sempre de fita métrica no bolso, forma de medir tudo quanto lhe ocorresse, decerto incluindo a felicidade. Nos inquéritos de rua sobre a felicidade, o comum do cidadão refere de imediato que ser feliz é ter saúde, ter dinheiro e, já agora, amor. No caso dinheiro, surge normalmente o comentário de que o dinheiro pode não dar a felicidade mas ajuda muito.
Pretexto
de recordar o romance, de David Machado, editado em 2013, “Índice médio de
felicidade”, o qual recebeu o prémio da União Europeia para a Literatura 2015.
Valeu ainda um filme, realizado por Joaquim Leitão, de cujo resumo se
transcreve:
- Ano de 2013.
Portugal debate-se com uma crise económica. Daniel é um dos milhares de
portugueses à deriva. Tem 38 anos, dois filhos e uma mulher que teve de se
mudar para o interior. Ele, depois de perder o trabalho, sobrevive com o
subsídio de desemprego e com o pouco dinheiro ganho a vender aspiradores de
porta em porta. Os seus dois melhores amigos também se debatem com os seus
próprios problemas: Almodôvar está preso por assalto resultante do desespero
das dívidas; Xavier vive fechado em casa há 12 anos, deprimido. Mesmo assim,
quando lhe é perguntado o seu grau de satisfação com a vida, Daniel responde
que, de zero a dez, é de 8,0 – um número muito superior ao índice médio de
felicidade do país, de apenas 5,7. Mesmo a viver uma sucessão de acontecimentos
que o poderiam levar ao desespero sem melhorias no horizonte, nada o impede de
acreditar no futuro. Ou não fosse ele um optimista nato.
Daí
talvez a dedução de que ser feliz é ser optimista. Já não é nada mau.
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