quarta-feira, março 20, 2019

Dia Internacional da Felicidade “possível”

 
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  Se hoje se comemora o Dia internacional da Felicidade, será limite de sarcasmo deduzir que dias de infelicidade são os outros todos. Um nosso amigo andava sempre de fita métrica no bolso, forma de medir tudo quanto lhe ocorresse, decerto incluindo a felicidade. Nos inquéritos de rua sobre a felicidade, o comum do cidadão refere de imediato que ser feliz é ter saúde, ter dinheiro e, já agora, amor. No caso dinheiro, surge normalmente o comentário de que o dinheiro pode não dar a felicidade mas ajuda muito.  
   Pretexto de recordar o romance, de David Machado, editado em 2013, “Índice médio de felicidade”, o qual recebeu o prémio da União Europeia para a Literatura 2015. Valeu ainda um filme, realizado por Joaquim Leitão, de cujo resumo se transcreve:
   - Ano de 2013. Portugal debate-se com uma crise económica. Daniel é um dos milhares de portugueses à deriva. Tem 38 anos, dois filhos e uma mulher que teve de se mudar para o interior. Ele, depois de perder o trabalho, sobrevive com o subsídio de desemprego e com o pouco dinheiro ganho a vender aspiradores de porta em porta. Os seus dois melhores amigos também se debatem com os seus próprios problemas: Almodôvar está preso por assalto resultante do desespero das dívidas; Xavier vive fechado em casa há 12 anos, deprimido. Mesmo assim, quando lhe é perguntado o seu grau de satisfação com a vida, Daniel responde que, de zero a dez, é de 8,0 – um número muito superior ao índice médio de felicidade do país, de apenas 5,7. Mesmo a viver uma sucessão de acontecimentos que o poderiam levar ao desespero sem melhorias no horizonte, nada o impede de acreditar no futuro. Ou não fosse ele um optimista nato.
   Daí talvez a dedução de que ser feliz é ser optimista. Já não é nada mau.

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