terça-feira, dezembro 13, 2005

Testemunho

Destacamos o post de uma das mais frequentes (e competentes) leitoras de tomaronline, que comentou a notícia sobre os licenciados da estremadura espanhola que não encontram emprego/trabalho nas áreas de formação académica.

''Espectacularmente apreciei a participação do interveniente "hermano". Apreciei em muito o que li.Aliás, revejo-me completamente nos casos de vida relatados. Também eu ingressei no ensino superior e comecei a trabalhar, o que no meu caso não era compatível pela distância entre Coimbra e Lisboa (sendo que, pelo meio fica o meu Entroncamento). Um curso de Línguas e Literaturas Modernas não tinha (e curiosamente continua a não ter) saída, a não ser para engrossar a lista de desempregados. Por isso mudei de curso, para Jornalismo, o que foi dar no mesmo, apesar de me ter aberto as portas do mercado de trabalho... mercado de trabalho esse que não era exactamente o da comunicação social, mas sim o das telecomunicações.No entanto, aproveito para sublinhar o seguinte:"(...)La gente asocia titulación universitaria con buen empleo(...)". Se bem percebi, em português corrente, significa isto que normalmente se confunde um emprego com trabalho.Um diploma já não abre portas. Nem aqui, nem em Espanha pelos vistos. Não me alegra saber que não estamos sós nesta crise de empregabilidade.Continuo a ter para mim que o Estado português teima em proporcionar um curso superior, apesar do mérito medíocre de alguns candidatos ao ensino superior, porque na verdade, enquanto estão na universidade, esses (e os outros) alunos são menos uns números na lista de desempregados. Sob pena de, a uma distância de 4 a 5 anos, termos a camada de desempregados de maior qualidade da Europa (todos licenciados, e muitos com pós-graduações e mestrados).Mas claro que isto não parece fazer perder o sono, quer à senhora (para não lhe chamar outra coisa) ministra da educação e de Sócrates... O importante são os crucifixos... Enfim. ''

4 comentários:

João disse...
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João disse...

A questão do número clausus de acesso ao ensino superior é uma questão muito sensível...Eu penso que no máximo num período de 5 anos o número clausus de acesso a cursos do ensino superior devia ser analisado, e alterado caso se verifique que a curto/médio/longo prazo o país vai estar carenciado ou em excesso de determinados técnicos com o famoso "canudo". Não se justifica que, com o avultado investimento que o estado faz em qualquer estudante, esse mesmo licenciado não possa colocar esse investimento a favor do país. O cerne do problemo é que cada estabelecimento de ensino superior recebe do orçamento geral do estado em função do número de estudantes, portanto será impensável que qualquer reitor se sujeite a diminuir o número de estudantes ou mesmo a encerrar/suspender cursos. Assim e por muitos mais anos veremos o país com carências de técnicos especializados em algumas áreas e com um elevado excesso destas em outras.
Penso que não será assim tão complicado ou serei só eu a ver "a coisa" desta forma"?

Anabela disse...

Caro João, apenas isto...

... Bem visto!

Hugo Costa disse...

A questão do desemprego dos cursos de ensino superior é uma questão muito sensível, já que são anos de trabalho intensivo que são atirados muitas vezes para o lixo e para o desespero. Nos anos que passei enquanto dirigente associativo no ensino superior, essa sempre foi uma das minhas batalhas, se bem que na minha área (Economia/Gestão) o emprego no fim do curso nas universidades mais reconhecidas, não constitui o problema que constitui em cursos, como os das Humanidades. O essencial é compreendermos o que desejamos do Ensino Superior…se uma máquina de produzir, se um lugar para formar.
Penso, que um dos principais problemas está no facto de os professores do ensino superior (em especial os de topo), viverem completamente afastados da realidade e pensarem que o mundo dos recém licenciados ainda é igual ao de há 20 anos atrás. Quando passei pelos diversos órgãos de gestão da minha antiga faculdade (ISEG), foi uma das realidades que senti…e com esse alheamento dificilmente se consegue adequar o ensino à sociedade onde vivemos.
Muitos discutem, que a solução está no Processo de Bolonha eu pessoalmente, sempre coloquei muitas dúvidas no resultado de se dar menor formação e de fazer “tostas mistas” de cursos, já que a realidade Portuguesa não é a britânica. Contudo, Portugal precisa de formar novos quadros, precisa de capital humano formado…mas quando os empresários têm em média menos formação que os operários, isso torna-se um problema latente, já que as nossas empresas não conseguem absorver os quadros.
Contudo, num país embrutecido e onde a média de formação é muito baixa e onde temos mais de metade dos jovens com menos que o 12 ano…o excesso de licenciados não é um problema, mas sim a falta de formação do nosso topo económico.