sábado, março 02, 2019

Mortos continuam a receber reforma

                                                                                                                                                pt.dreamstime.com

Parece Carnaval mas não é
    Somos o país mais generoso por metro quadrado no mundo no que diz respeito aos mortos, mesmo falecidos. No anterior regime, no tempo do outro senhor, dizia-se que os mortos votavam. Agora, assim dizem os jornais de referência, nos tempos destes senhores há mortos que continuam a receber reforma (calhando também votam). Pode perguntar-se para que querem os mortos o dinheiro, estes poderão responder, as flores estão caras, as missas pela conversão das almas são pagas, os serviços de limpezas não são baratos. Um morto que faça questão em querer apresentar campa ou mausoléu em condições dignas, limpinhas, asseadas, não lhe fica barato.
   Face à dúvida sobre a razão de uns mortos continuarem a receber a reforma, outros não, falámos com uma nossa tia que morreu há tempos, sempre bem informada sobre os meandros administrativos, tendo esta esclarecido ser necessário o falecido preencher um requerimento depois de morto, a solicitar aos serviços o favor de lhe continuarem a depositar a reforma na conta defunta. Então já não se chama conta corrente mas sim conta defunta. Ou seja, quem morra e fique sepultado sem preencher o requerimento a pedir a continuidade da reforma fica a chuchar no dedo, se tiver dedos para isso. Por isso o povo sempre disse “Quem tiver dedos é que toca viola e continua a receber a reforma depois de morto”.
   A solução para um segunda oportunidade aos defuntos que não recebam reforma, será a uma de um comissão reparadora percorrer os cemitérios e perguntar aos mortos “Quem quiser continuar a receber a reforma ponha o dedo no ar”.

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