Em resultado de violento incêndio, em Outubro de 2017, o
extenso e verdejante Pinhal de Leiria ficou negro que nem tição, em cinzas,
desolação total, desativado da função para que terá sido criado. Diz a história
que o rei D. Afonso II o terá mandado plantar de forma a proteger o território da
invasão das dunas.
Animado
pela benfazeja recuperação do histórico e verdejante pinhal, o Governo, ao mais
alto nível, de primeiro-ministro, decidiu animar as hostes, incentivando à reflorestação,
plantando sobreiros, enfrentando mesmo o piso arenoso. Patriótica comitiva terá
batido palmas, o gesto valia pela boa intenção. Após a emblemática cerimónia, os
governantes foram-se à vida, ficaram os sobreiros, jeitosinhos, rebentos viçosos.
Adivinham-se
depois normais contumácias entre os diversos serviços sobre a quem competia
regar os sobreiros. Uns porque não lhes tinham sido delegadas competências para
isso, outros porque não havia autorização para meter combustível nos carros de
serviço, outros porque “quem os plantou que os regue”, outros porque valia mais
esperar que chovesse.
Diz agora
o “Público”, edição de segunda-feira, 14 de Janeiro, que os sobreiros morreram.
Tão simples quanto isso - morreram. Decerto por não terem sido regados. No
editorial do jornal, Manuel Carvalho refere que “para salvar a face e evitar o
anátema da propaganda, o primeiro-ministro tem uma solução: um inquérito aos
responsáveis do pinhal. Vai ser interessante saber quantas vezes adubaram,
regaram e limparam o souto idealizado no pinhal”. Dizemos nós, caso seja
realizado esse inquérito, já se sabe o resultado: os responsáveis passam culpas
uns aos outros, desculpando-se que os sobreiros deviam eles próprios ir beber água
à fonte.
Moral
da história - Neste ano eleitoral, governantes decerto desaustinados a plantar
árvores no sentido de motivar reflorestações, a sugestão é a de optarem por espécies
que não necessitem de ser regadas.
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