quinta-feira, março 16, 2006

Céu ... Pela Boca é que Vamos


O restaurante Chico Elias em Tomar, é considerado pelos gastrónomos e críticos gastronómicos vários, de diversas publicações, um dos melhores do país.
A originalidade e criatividade da quase totalidade dos pratos propostos, como é o caso do coelho na abóbora, bacalhau com carne ou a feijoada de caracóis, ironicamente apelidado pelo Dr. Bento Baptista de percebes campestres, para iludir os que dizem não gostar de caracóis, aliadas à recuperação e recriação de alguns pratos ditos conventuais, como as couves à D. Prior, têm catapultado a arte da Divina Céu para uma verdadeira ''fama'' celestial.
Segundo ela não há segredos, cozinhar para a Céu do Chico Elias é tão natural como respirar, e porque não há segredos ela conta a qualquer um como executa cada um dos pratos e na sua humildade de Mestre, pergunta sempre se gostaram. Justifica-se dizendo que gosta de ouvir a opinião dos clientes, que num ápice passam a amigos da família Elias, porque como não respeita medidas ou porções estabelecidas, logo cada prato é único cada vez que é confeccionado, e gosta de saber se ''desta vez ficou bom'', isto é, a gosto dos clientes/amigos.
A quarta-feira, 15 de Março, levou-nos ao Chico Elias, mais uma e desta vez, convidados pelo Dr. Bento Baptista, coordenador convidado, das diferentes actividades gastronómicas do município, colaborador voluntariamente disponível, diríamos, a tempo inteiro depois de se ter aposentado das suas funções de médico e delegado de saúde. O motivo da reunião de trabalho à mesa do restaurante tinha como objectivo fazer o balanço da Mostra da Lampreia que terminou há alguns dias. Balanço positivo, sim senhor, dizem os industriais da restauração. Alegria redobrada dos responsáveis pela organização da actividade que reuniu a quase totalidade dos restaurantes tomarenses, que sentem por um lado a união dos profissionais na divulgação da arte da cozinha local e por outro, o sinal contrário à crise anunciada e de facto vivida noutros sectores de actividade económica.
Se a temática era a lampreia, ciclóstomo e não peixe, como insistentemente Bento Baptista frisa, nada melhor que irmos a ela ... e fomos! À Bordalesa, arroz da dita ou de fricassé, foi de comer ... sem necessidade de chorar por mais, porque ela estava lá ''à tromba estendida'', como diz o Povo, pelo menos o que eu conheço. Para os que continuam, sobretudo as que continuam, cépticas em relação ao bicho, quer pelo seu aspecto quer pelo pretenso activo sabor, havia alternativas. Cachola de seu nome, não o que os convivas ''diferentes'' apanharam, mas o nome do prato.
Como entrada, nada melhor que feijoada de perceves campestres, pois então, e tudo regado com água de garrafa de plástico, em que pelos vistos a sua ingestão concorre actualmente em risco com a água das antigas fontes de água cristalina e pura, e para outros menos dados a modernices, vinho tinto do concelho de Tomar, no caso, do Casal das Freiras (pode ser que esta publicidade intencional traga algum retorno), de um tal Vidal que não conhecemos, mas que também merece um lugarzinho daqui a muitas décadas, para lá do que a nossa imaginação lhe possa desejar, pelas suas qualidades báquicas, não pelo acto mas pela função de permitir a degustação de tal saboroso néctar, a tão humildes terráqueos. O lugarzinho que dizíamos e por merecido, ao lado da Céu, será no etéreo espaço dos sabores de ''comeres e beberes''.
Dos doces ... nem vos digo ... talvez vos conte.
Então foi assim ... Fatias de Tomar (património em processo de registo), leite creme queimado, como só a Céu do Chico Elias sabe fazer (acreditem que é mesmo assim como vos digo) e para rematar, a última invenção da Céu, doce de feijão, que explicou logo passo a passo como se faz, e até se deu ao requinte de distribuir logo alguma matéria prima para a confecção a alguns presentes. Para este, seguramente por ser a maior e mais deliciosa surpresa, ainda não inventei qualificativo, mas lá que terá de ser uma palavra celestial terá.
Talvez por esta ser a novidade, criada pela Céu, aquando da última actividade ''Feijão com Todos ... todos com o Feijão'', ninguém resistiu a cantar loas ao divino sabor.
Poderá ''saber'' a exagero ... mas acreditem no que Vos diz um não crente que se confessa, afinal há Céu ... e está mesmo aqui tão perto ... afinal há Céu ... na Casa do Chico Elias, ali para as Algarvias (de Tomar).

P.D. (Pós Digestão) Para além de Bento Baptista, coordenador da Mostra da Lampreia, estiveram presentes, o vereador Carlos Carrão, que tem a responsabilidade das Feiras e Mercados, nas quais se integra esta actividade, em colaboração com o Turismo, representado pelo técnico Paulo Alcobia, Casimiro Serra, secretário do vereador Carrão, Jorge Franco dos Cafés Delta, que têm colaborado em todas as actividades gastronómicas da edilidade, e jornalistas representando os jornais Despertar do Zêzere, Cidade de Tomar, O Templário, as rádios Hertz e Cidade de Tomar. Tomaronline sente-se naturalmente honrado pelos convites que lhe têm sido dirigidos pela autarquia para acompanhar todas as actividades, considerando-o um par de órgãos de comunicação social tradicional, com trabalho desenvolvido ao longo de décadas na maioria dos casos e que são servidos por profissionais.

3 comentários:

Anónimo disse...

Uns comem os figos aos outros rebenta-lhes a boca. ou
Eles comem tudo ... eles comem tudo.
Eles comem tudo e não deixam nada !

Anónimo disse...

Deus envia-nos os alimentos e o Diabo os cozinheiros...

Anónimo disse...

Cuidado que aqui a cozinheira não está incluída na "caldeirada".
Estes "fotogénicos comensais" é que têm pacto com o Diabo, ou melhor são do Diabo.