terça-feira, fevereiro 14, 2006

Bloco de Esquerda de Tomar exige Critérios claros na distribuição de valências


O Bloco de Esquerda de Tomar, distribuiu uma nota à imprensa, sobre a recente reunião em que participou, integrado na Comissão de Acompanhamento do Hospital de Tomar, com o Conselho de Administração do CHMT, cujo teor é o seguinte:
''Em reunião realizada com a Comissão de Acompanhamento do Hospital, criada no âmbito da Assembleia Municipal de Tomar, o Conselho de Gerência de Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), sintetizou, no dia 10 de Fevereiro, os seguintes problemas estruturais, segundo o seu ponto de vista:
- Défice financeiro estrutural elevado de 25 milhões de euros que decorre da existência de uma estrutura hospitalar demasiado pesada, sobrecarregada com serviços dispersos em triplicado, num universo de 3 hospitais, 20 000 doentes, 160 000 consultas e 200 000 urgências.
- Fundo de convergência governamental de apenas 20 milhões de euros para cobertura do défice.
- Necessidade de redução orçamental de 13 milhões de euros em 2006.
- Potencial de camas excessivo, utilizando pouco mais de 60% da capacidade instalada, em que o Hospital de Tomar apresenta o mais baixo índice de ocupação do CHMT: cerca de 50%.
- Existência de problemas de viabilidade financeira, viabilidade técnica (o nível de utilização dos equipamentos no CHMT é baixo) e insuficiência de recursos humanos, nomeadamente no que respeita a cirurgia e anestesia.
- Serviço de três internamentos em Pediatria muito dispendioso.
- Custo de 150 € por urgência, superior em 25% relativamente ao custo médio nacional.

Com este cenário, o Conselho de Gerência informou a Comissão de alguns dos cenários em estudo para a viabilização dos serviços sem extinção de qualquer das unidades hospitalares (sublinhamos o facto de o Conselho de Gerência ter afirmado peremptoriamente que não encara a supressão de qualquer hospital, embora tivesse referido que, cita-se, “pode haver quem defenda a extinção de um hospital”):
- Valências básicas descentralizadas e ambulatório.
- Reforço, em Tomar, da actividade cirúrgica, dadas as excelentes condições técnicas aqui instaladas;
- Activação em Tomar, ainda em 2006, do internamento de Psiquiatria.
- Instalação, em Tomar, da Medicina de Reabilitação, também em 2006, com grande incidência em AVC’s e traumatismos fortes; encara-se a possibilidade de os privados poderem estabelecer parcerias para utilização da capacidade técnica instalada no Hospital.
- Arranque, em Tomar, eventualmente em Março, da cirurgia do laser no serviço de oftalmologia.
- Busca de soluções, para além do Serviço Nacional de Saúde, para rentabilização do material e potencial instalados.

Por seu turno, a Comissão de Acompanhamento do Hospital, acompanhada pelos Presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, fez eco das preocupações da população, nomeadamente no que toca à supressão gradual dos serviços de cirurgia, tendo sido garantido que tal não acontecerá.
A Comissão pretendeu deixar bem claro que é fundamental assegurar o princípio de que, independentemente do local onde estejam instaladas as valências, um doente que dê entrada em uma das três unidades hospitalares está a entrar no Centro Hospitalar, sendo as deslocações posteriores supervisionadas pelos serviços do respectivo hospital.
Sublinhando não pretender discutir o assunto com base em perspectivas bairristas, mas antes numa visão de conjunto, a Comissão afirmou a sua determinação quer no acompanhamento de todo o processo, quer na defesa intransigente dos interesses e direitos da população.

O Bloco de Esquerda, tendo participado na reunião – e por isso habilitado a este relato – não pode deixar de reconhecer a existência de um problema financeiro grave no CHMT; todavia, o Bloco não concordará (e agirá em conformidade) com uma resolução meramente economicista, ou com um solução que passe pela extinção de uma qualquer unidade hospitalar em favor da valorização de outras, ou ainda pela dispersão de valências sem critérios claros e objectivos assentes na realidade de cada concelho.

O Bloco defende ainda, e exige, que o sistema de transporte de doentes inter-hospitais seja um serviço de qualidade, célere e eficaz.

O Bloco reforça que o sistema de saúde tem que ser gerido na perspectiva de serviço social ao serviço das populações e não como mero bem material.

No próximo sábado, dia 18, o Bloco de Esquerda reúne em Tomar a totalidade dos seus eleitos locais dos concelhos da área de influência do CHMT.

Tomar, 13 de Fevereiro de 2006

O Núcleo de Tomar do Bloco de Esquerda.''

Sem comentários: