quarta-feira, fevereiro 15, 2006


NOTA À IMPRENSA - Bloco de Esquerda

Tendo estado presente, no passado dia 10 de Fevereiro, na reunião realizada entre a Comissão de Acompanhamento do Hospital, criada no âmbito da Assembleia Municipal de Tomar, com o Conselho de Gerência de Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), o Bloco de Esquerda considera importante dar conta da sua posição sobre a problemática do CHMT, em geral, e do Hospital de Tomar, em particular.
Naquela reunião, o Conselho de Gerência do CHMT elencou os seguintes problemas estruturais:
- Défice financeiro estrutural elevado de 25 milhões de euros que decorre da existência de uma estrutura hospitalar demasiado pesada, sobrecarregada com serviços dispersos em triplicado, num universo de 3 hospitais, 20 000 doentes, 160 000 consultas e 200 000 urgências.
- Fundo de convergência governamental de 20 milhões de euros para cobertura do défice.
- Necessidade de redução orçamental de 13 milhões de euros em 2006.
- Potencial de camas excessivo, utilizando pouco mais de 60% da capacidade instalada, em que o Hospital de Tomar apresenta o mais baixo índice de ocupação do CHMT: cerca de 50%.
- Existência de problemas de viabilidade financeira, viabilidade técnica (o nível de utilização dos equipamentos no CHMT é baixo) e insuficiência de recursos humanos, nomeadamente no que respeita a cirurgia e anestesia.
- Serviço de três internamentos em Pediatria muito dispendioso.
- Custo de 150 € por urgência, superior em 25% relativamente ao custo médio nacional.
Neste enquadramento, o Conselho de Gerência deu conta de cenários em estudo para a viabilização dos serviços sem extinção de qualquer das unidades hospitalares (sublinhamos o facto de o Conselho de Gerência ter afirmado peremptoriamente que não encara a supressão de qualquer hospital, embora tivesse referido que “pode haver quem defenda a extinção de um hospital”):
- Valências básicas descentralizadas e ambulatório.
- Reforço em Tomar das cirurgias, dadas as excelentes condições técnicas existentes;
- Activação em Tomar, ainda em 2006, do internamento de Psiquiatria.
- Instalação, em Tomar, da Medicina de Reabilitação, também em 2006, com grande incidência em AVC’s e traumatismos fortes; encara-se a possibilidade de os privados poderem estabelecer parcerias para utilização da capacidade técnica instalada no Hospital.
- Arranque, em Tomar, a curto prazo, da cirurgia do laser no serviço de oftalmologia.
- Busca de soluções, para além do Serviço Nacional de Saúde, para rentabilização do material e potencial instalados.

O Bloco de Esquerda subscreve as intervenções da Comissão de Acompanhamento do Hospital, dos Presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal proferidas naquela reunião, designadamente no fazer-se eco das preocupações da população e deixando claro que cirurgias, internamentos e urgências são questões fulcrais, tal como é fundamental o princípio de que, independentemente do local onde estejam instaladas as valências, um doente que dê entrada em uma das três unidades hospitalares está a entrar no Centro Hospitalar, sendo as deslocações (de qualidade, céleres e eficazes) supervisionadas pelos serviços do hospital.

O Bloco de Esquerda, tendo participado na reunião, não pode deixar de reconhecer a existência de um problema financeiro grave no CHMT, mas sublinha que o sistema de saúde tem que ser gerido na perspectiva de serviço social ao serviço das populações e não como mero bem material, pelo que nunca concordará com uma resolução meramente economicista, ou com soluções que passem pela extinção de uma qualquer unidade hospitalar em favor da valorização de outras, ou pela dispersão de valências sem critérios claros e objectivos, com particular enfoque para os números conjugados da população com as utilizações por hospital, concelho e especialidade, e desde que tais valores sejam rigorosamente aferidos, excluída a acção dos Serviços de Atendimento Permanente dos Centros de Saúde, estejam estes instalados fora ou dentro das unidades hospitalares.

O Bloco de Esquerda não pretende encarar este assunto com base em perspectivas bairristas, mas antes numa visão de conjunto que defenda os interesses e direitos de toda população do Médio Tejo, pelo que no próximo sábado, dia 18, reúne em Tomar a totalidade dos seus eleitos locais dos concelhos da área do CHMT para analisar o problema.
Tomar, 13 de Fevereiro de 2006
Pel’O Núcleo de Tomar do Bloco de Esquerda,
Carlos Trincão

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