domingo, fevereiro 19, 2006

Cirurgia fica no Hospital de Tomar, segundo a edição online do Jornal Torrejano

Segundo o Jornal Torrejano na sua edição online de 17 de Fevereiro, num trabalho da jornalista Inês Vidal, a reestruturação das valências dos três hospitais do Centro Hospitalar do Médio Tejo, leva a que a Cirurgia vá mesmo sair de Torres Novas para o hospital de Tomar.
Aqui fica toda a notícia do jornal Torrejano para ter toda a informação, ''Um bom funcionamento, um número elevado de cirurgias e a ausência de listas de espera, a juntar à concentração, no hospital de Torres Novas, de especialidades médicas de grande relevo, são os factores apontados pelos que estão contra a saída do serviço de cirurgia da cidade. São estes os mesmos que afirmam desconhecer e não entender quais os critérios utilizados pelo conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo para propor a concentração da cirurgia em Tomar. A administração do Centro diz que nada está ainda definido.
A mudança estará por dias. Sabe-se por pessoas ligadas ao Hospital Rainha Santa Isabel, em Torres Novas, que no final da passada semana, uma reunião de grande importância ditaria o veredicto sobre a proposta de concentração do serviço de cirurgia do Centro Hospitalar do Médio Tejo, no hospital de Tomar.
Uma proposta que, ao contrário do que muitos querem fazer querer, partiu do próprio conselho de administração do Centro. Os critérios que estiveram na base desta proposta não foram explicados por quem a tomou, nem entendidos pelas vozes que se levantam contra esta medida.
Todos os três hospitais terão boas condições para receber o serviço de cirurgia que passará a servir as populações de todo o Médio Tejo. No entanto, as estatísticas falam por si: no ano de 2005, contabilizou-se um número muito mais elevado de operações no hospital de Torres Novas, cujo bloco operatório funciona apenas 16 horas, do que nos restantes hospitais que compõem o Centro e que funcionam durante 24 horas.
Recorde-se, que desde que o hospital mudou de instalações, não tem urgência cirúrgica, o que significa que, a partir da meia noite, o bloco operatório é encerrado. Uma outra mudança não entendida por muitos: porquê fechar a urgência cirúrgica em Torres Novas e mantê-la nos restantes hospitais do Centro? Quais os critérios que levaram a esta opção? Uma medida não compreendida e que, de acordo com fontes ligadas ao hospital, trouxe já vários problemas a utentes do hospital.
Além do bom funcionamento e da boa resposta que o serviço cirúrgico em Torres Novas tem dado aos casos que aparecem, um dos outros factores apontados pelos que se mostram contra a saída desta serviço é a concentração, no Hospital Rainha Santa Isabel, de algumas das mais importantes especialidades médicas e que é de todo o interesse para o doente que se mantenham junto do bloco operatório.
É o caso da cardiologia, gastrenterologia, pneumologia e da nefrologia, onde se faz hemodiálise, que se encontram todos em Torres Novas e que, de acordo com pessoas especializadas, deveria estar perto do serviço de cirurgia. Caso contrário poderá trazer consequências negativas para os doentes.
Actualmente, com o serviço de cirurgia a funcionar nas três unidades de saúde, acontece virem doentes com patologias graves do foro cardíaco e renal, entre outras, propositadamente de Tomar e Abrantes, a pedido dos médicos, para serem operados em Torres Novas, uma vez que aqui têm o apoio dessas especialidades, caso se mostre necessário. É essencialmente este o motivo que leva entendidos na área a descrever como impensável e inconcebível esta proposta do conselho de administração e a questionarem os estudos que o conselho de administração dizem ter sido realizados antes de feita a proposta.
Além do mais, o potencial de desenvolvimento e crescimento que tem o concelho de Torres Novas deveria ser outro dos factores a ter em conta. Com a saída da cirurgia, o maior atingido será a população actualmente servida por este hospital. Os funcionários e técnicos trabalham em qualquer parte, será acrescido apenas o incómodo das deslocações, mas isso será o menos grave.
É importante salientar que no projecto inicial do Centro Hospitalar estavam previstas concentrações de especialidades, excepto na cirurgia e medicina, que se manteriam sempre nos três hospitais, algo que, a concretizar-se esta saída, deixa de se verificar pela primeira vez.
A contenção de gastos está na base de todas as medidas que o conselho de administração do Centro Hospitalar tem vindo a tomar nas concentrações de especialidades. A gestão de três hospitais é complicada, nomeadamente numa altura dita de crise económica e financeira, mas há quem questione se a instalação da cirurgia em Tomar será uma forma eficaz de contenção.
A deslocação de doentes entre hospitais será uma parcela bem cara desta medida, que pessoas ligadas ao hospital questionam se terão sido tidas em conta na hora da decisão.
Há mesmo quem afirme que, se o objectivo principal é reduzir os custos, muito trabalho haveria a fazer antes de se fechar a cirurgia em Torres Novas. Por exemplo, começar por reestruturar a urgência: se qualquer um dos três dos hospitais do Centro Hospitalar, durante o fim-de-semana ou à noite, precisar de uma ecografia, um exame simples, que dá resultados importantes e muitas vezes evita uma TAC, terá de mandar o doente a Lisboa fazê-lo e pagar as respectivas deslocações.
No entanto, se for precisa uma TAC, equipamento mais complexo e mais caro, já poderá fazê-lo, porque existe no centro. Diz quem sabe que, para quem há crise e quer reduzir os custos, reestruturar a urgência seria uma das prioridades e não mudar a cirurgia para Tomar.
Torres Novas tem um bom bloco operatório, com três salas, das quais uma se encontra encerrada. A verificar-se a ida da cirurgia para Tomar, o futuro daquele espaço encontra-se ainda por definir.
No entanto, fala-se já na utilização do mesmo para cirurgia em ambulatório, que não pressupõe a existência de serviço de cirurgia. É utilizado para operações de pequena e média dimensão, com doentes que vêm do exterior, vão directamente para o bloco operatório, são operados e vão para casa.
Para a semana passada, estava agendada uma reunião que daria a uma resposta a todas estas incertezas.
A concretizar-se, a mudança estará para breve, pois nota-se, como adiantou uma fonte de informação ligada ao hospital de Torres Novas, haver alguma pressa em que essa alteração se verifique, por parte de elementos do conselho de administração.
Contactado o conselho de administração do Centro, para saber o resultado dessa reunião, Silvino Alcaravela, presidente, disse haver apenas cenários e nada de concreto por enquanto.
Alcaravela confirmou que está a ser levada a efeito uma reorganização dos serviços do Centro Hospitalar do Médio Tejo, mas de momento está tudo em processo de avaliação. O presidente do conselho confirma ainda a realização de uma reunião com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e com o Ministério da Saúde, na passada semana, onde foram, segundo disse, trocadas impressões sobre os vários cenários possíveis.
Neste momento, o departamento de estudos e planeamento está a debater e discutir o caso, de forma a chegar a conclusões, o menos penosas possível para as populações, como garantiu Alcaravela.
No caso específico da cirurgia, o presidente do conselho de administração confirmou que esse será um serviço passível de reorganização, mas não adiantou qualquer definição. Para já, garantiu, a maior preocupação é a reestruturação da urgência.
Inês Vidal''

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